3.12.12

viver em Londres

As saudades de escrever já eram algumas. 
Tenho andado super entretida com os meus bunnies que são mesmo uns amores.
Não são eles que me roubam o tempo... sou eu que ofereço o meu tempo a eles. Cada vez estou (estamos) mais apegados.
Os dias cá em Londres tem sido frios - o que é o normal - e eu estou sentada no sofá a beber um chá quentinho com leite. Mais um dos hábitos que me faz um bocadinho mais "inglesa".
Ultimamente recebi, mais que uma vez, comentários a pedirem para eu partilhar a minha experiência por Londres.
Eu não sou uma emigrante qualquer. Que fique claro. Não gosto das pessoas que dizem que a "A Ana foi para a Inglaterra"... porque parece (e consequentemente faz as pessoas pensarem) que eu estou a morar numa aldeia qualquer dos arredores. E não. Eu vivo em Londres, mesmo na cidade metropolita! Morei dois meses em Central London (Zona 1), em Tower Bridge... a pé estava perto da maior parte das atracções turísticas de Londres.
Nessa altura estive a trabalhar na Zara, em High Street Kensington. Uma rua super movimentada, cheia de gente chique a lá ir fazer compras, e um dia atendi a cantora Duffy (um amor de pessoa e mais baixa que eu - juro que é difícil). 
Durante esse tempo, os meus dias eram dificeis. O ambiente da Zara não é o melhor do mundo para se trabalhar. E foi aquela altura de habituação a vida em Londres, custou-me um bocadinho... outra rotina, outra temperatura e longe daqueles que nos apoiam sempre.
O bom disto é que tinha cá o meu namorado comigo. Que veio para perto de mim. E isso foi o melhor que aconteceu durante esse período. 
A minha vida cá começou a melhorar quando fui morar para Bermondsey. Sempre gostei do lado sul do rio, e nunca morei doutro lado.
Passei por um período menos bom, quando estive desempregada e andei a trabalhar como empregada de limpeza. Não é algo bonito de se fazer (mas alguém tem que fazer). E deu-me tempo para pensar o que queria fazer da vida.
Até que depois de muita procura (e dois CVs entregues no mesmo sítio) o Pestana Chelsea Bridge decidiu empregar-me como recepcionista.
Em Agosto passado, eu e o meu namorado fartamo-nos de viver com pessoas.
Sinceramente há uma coisa que sempre quis que foi a minha independência, não sei se por ser filha única mas sempre foi algo que fui é muito independente. E há algo que não compreendo, como há pessoas a morar cá há imenso tempo e moram numa casa com 5 desconhecidos como se fosse a coisa mais normal do Mundo. Se calhar também vai um bocado da cultura de cada um.
Eu e o meu homem, após longas semanas à procura dum lar que nos enchesse as medidas encontramos o perfeito em Lewisham. É uma casa tipicamente inglesa, por fora, mas por dentro é muito maior que o normal. Não temos razão de queixa. A casa tem áreas espaçosas como a sala e o quarto de dormir! A cozinha é do género kitchinete para a sala, com um balcão a separá-las. E a casa de banho é de tamanho normal. Vivemos em Lewisham a 2 minutos duma high street - ruas cheias de lojas/shoppings/Mc Donalds/Primark e sempre muito movimentadas.
Eu achei que encontrar trabalho cá foi muito mais fácil quando cheguei, em Setembro de 2011 do que agora. Nunca será tão difícil como no meu país de origem (o belo Portugal).
Noto que depois deste tempo melhorei imenso o meu inglês, falando - mais do que nunca - fluentemente (tanto que trabalho num call centre/apoio a clientes).
 Basicamente este é o balanço de um ano e 3 meses a morar cá.
Foi um bocadinho complicado no início, mas agora é fantástico e não trocava esta vida por nada!
Moramos com os nossos dois bunnies, o Fluffy (3 meses) e o Bazinga (9 meses).
Não ganhamos nenhuma fortuna mas não passamos dificuldidades e não temos o apoio financeiro dos nossos pais mensalmente (apesar de já termos recorrido a eles em alturas trágicas, não é algo habitual) - mas obrigada papás e papás do Vitinho por estarem aí para qualquer eventualidade.
Na nossa sala temos as tecnologias todas, e tudo o que nos é necessário passar uns bons dias na companhia um do outro.
Saio menos à noite do que em Portugal, principalmente porque agora trabalho e não tenho tanta paciência (ia a todas as festas académicas quando andava na faculdade, portanto não tenho falta de álcool no sangue), e as bebidas cá são mais caras e a noite começa as 8h da noite e acaba por volta das 2h da matina. Mas quando saio é para aproveitar a valer e são sempre óptimas noite.
Retomei amizades de pessoas que já conhecia da Madeira e com quem voltei a reunir cá. Fiz amigos novos cá e com quem não dispenso passar o meu tempo. Também já aprendi, ao fim de tantas desilusões e ao fim de tanto me esforçar por tantas amizades, que as pessoas não são sempre como se mostram e em alturas más é que me apercebi quem realmente está do meu lado e me quer bem. Sempre a aprender.
Aconselho vivamente a quem tiver esta possibilidade de sair do seu país e vier para cá! Aconselho. É uma experiência única, e sei que daqui a 20 anos vou pensar que esta foi a melhor coisa que podia ter feito.
Espero ter ajudado (: